"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino."

Paulo Freire

sábado, 23 de novembro de 2013

A potência de ação de uma aula no contínuo processo de ensinar-aprender-ensinar-aprender...



Eu via uma rosa vermelha que abria suas pétalas, exalava perfume, exibia uma dança quando falava das sensações, do que faz sentido. O que me afeta? O que eu percebo? E nessa busca encontrar o equilíbrio emocional necessário para “esticarmos a baladeira”. Do encantamento à desilusão. Do ínfimo ao grandioso. Do encontro ao desencontro. Da contração à expansão. Nessa corda bamba que é o viver.
E naquelas horas que eu estava ali imóvel não conseguia pensar em nada, dizer nada. Eu não queria dizer nada, eu queria apenas contemplar os movimentos daquela rosa prazenteira...
Mas teve um momento em que eu não via mais uma rosa, o que via era um homem de camisa vermelha rabiscando um quadro branco...
Aqui do meu lugar, quero dizer para o homem de camisa vermelha que para mim fez todo o sentido o esquema no quadro branco com suas setas vermelhas divergindo, ampliando e convergindo. A educação brasileira precisa de ciência, filosofia e arte na mesma medida, em todos os níveis de ensino, em todas as áreas do conhecimento e por que não?
Tenho um filho de seis anos que cursa o primeiro ano do ensino fundamental e em sua primeira “prova” de conhecimento ele foi questionado de onde vinham os sentimentos (na ocasião eles estudavam os órgãos do corpo humano) e sem nenhum erro ortográfico ele respondeu: do coração. Entretanto, as setas convergentes da professora apontaram para verdadeira resposta que obviamente era o cérebro.
Talvez seja muito cedo para dizer, talvez ainda tenha poucos elementos ou esteja olhando pelas lentes distorcidas do amor que sinto, mas vejo em meu pequeno uma sensibilidade para as artes, aliás, todas as crianças têm. Mas o seu desejo, criatividade, inventividade, amorosidade, interesse pela música, pela leitura, pintura, desenho são coisas que me levam a crer nessa sensibilidade. Mas, tenho uma preocupação permanente com o que a escola pode fazer com isso, pois invariavelmente as atitudes ousadas e inventivas do meu filho são tolhidas e reprimidas pelas metas das setas convergentes da escola. E me questiono: que tipo de gente a escola deseja formar?
É provável que esse seja o motivo pelo qual o objeto do meu estudo aqui na pós-graduação seja a formação do profissional da saúde, especificamente o da odontologia. Profissional esse que deve estar pronto para atender o que garante a Constituição Federal no tocante à saúde como, acesso universal, atendimento integral e equânime, além da participação da comunidade na programação e no controle das ações em saúde. E para tanto requer um profissional não apenas com competências e habilidades técnicas, forjadas à luz da ciência, mas um sujeito sensível que possa lidar com as agruras de um povo castigado pela falta de condições básicas de vida.
Diante disso, parafraseando Ferreira Gullar, a arte é preciso porque a ciência não basta!

domingo, 9 de setembro de 2012

Devaneios em um domingo qualquer


“Domingo quero te abraçar e desabafar todo o meu sofrer”... lembrei-me desta música que marcou a minha passagem pelos bancos da universidade no final dos anos 90, o pagode estava em alta, inclusive um dos meus colegas de curso, Flaviano, tinha uma banda. Lembro-me com carinho das calouradas onde eu e outras amigas éramos figurinhas repetidas, verdadeiras “flavianáticas”. Mas o que me trouxe até aqui foi mesmo a vontade de escrever sobre as lembranças tristes e doces que os domingos me trazem, especialmente este, num setembro que mais parece julho, com um vento litorâneo que faz voar a mais contida lembrança ou desejo.
De uns tempos pra cá a música e a poesia tem sido minhas companheiras constantes e confidentes fiéis. É reconfortante ouvir uma canção com algo que traduz o que você está sentido sem precisar dizer uma só palavra. Palavras e silêncios, já dizia Zeca Baleiro. Às vezes a gente quer fugir e gritar bem baixinho: “eu preciso de qualquer outra realidade em mim”, aí vem o Beto Guedes e me diz que só vejo pistas falsas. Ah! Pudesse eu ver a estrada, pudesse eu ter a rota certa.
Poderia ficar horas relembrando as canções que embalaram minha infância e juventude, mas tudo em mim mudou, eu já não consigo mais viver dentro de mim, tenho ficado dispersa com um tanto de coisas que vem acontecendo na minha vida. A menina cresceu, mas é como se eu ainda continuasse ouvindo minha mãe cantarolar: bate outra vez com esperança o meu coração... Decerto eu cresci, não deveria queixar-me, pois maravilhas aconteceram! Mesmo assim me pego triste às vezes, queixo-me às rosas, mas que bobagem as rosas não falam...
Então entrego a minha vida nas mãos do tempo, compositor de destino, tambor de todos os ritmos. Rogo-lhe o prazer legítimo e o movimento preciso. Mas nem tudo é como a gente quer, o caminho para ser feliz é viagem pra quem não tem pressa... confesso que muitas vezes é difícil aceitar a ordem natural das coisas, chega a bater uma aflição, no final desse túnel haverá uma luz? Mas eis que de repente vem uma canção qualquer e logo me conduz...
Vou aproveitar o que me resta deste dia e ficar mais um pouquinho para ver se acontece alguma coisa nesta tarde de domingo...

domingo, 3 de junho de 2012

Carta a BH


Em minha primeira viagem solitária, Belo Horizonte tinha tudo para ser inóspita. Cheguei a sentir raiva por estar sozinha, fiquei trancada no hotel. Tinha feito tantos planos...
Entretanto não poderia perder de vista o meu objetivo. Não fui em busca de diversão, mas de conhecimento. E de fato encontrei o que procurava, bebi da fonte.
Mas BH conseguiu ser tão sedutora, como a fala mansa do seu povo acolhedor, que me curvei aos seus encantos e aproveitei um pouco de sua beleza exuberante, a começar pela belíssima arquitetura da Igreja Boa Viagem de Nossa Senhora de Lourdes. Depois desci até a Praça da Liberdade e enchi meus olhos com o caminho das palmeiras imperiais.
A cidade respira cultura, estava acontecendo a bienal do livro, a apresentação da orquestra sinfônica e tantas outras atrações. Lembrei-me que estava nas Minas Gerais de Drummond e isso me deixou verdadeiramente suscetível, pronta para viver aquele momento.

Os dias que se seguiram foram intensos e ficarão para sempre na memória, o almoço no Mercado, a ida à livraria Quixote, o caminho das palmeiras, Nossa Senhora de Lourdes (a quem fiz um pedido)...
Finalizo com um poema do itabirano mais querido, que durante a minha adolescência me nutriu com seus versos lindos e que não me deixa esquecer que o melhor da vida, o melhor de tudo, deve ser guardado na memória!

Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Patrícia

"Quero, quero ser chamada de querida
Quero, quero esquecer o dissabor
Sonho, sonho com as venturas desta vida
Sonho, sonho com as delícias do amor

Falam que eu sou bela Patrícia
Sempre a despertar loucas paixões
Dizem que meus olhos quando olham têm também malícia
Que com meu sorriso provocante eu conquisto os corações"


terça-feira, 1 de maio de 2012

Iluminação


Ao som de violinos minha alma navega...
Consigo ir tão longe, sem fugir de mim
Embora, algumas vezes, quisesse sair
Apenas por alguns instantes e experimentar
Coisas que ainda não vivi
Que cordas são essas que conseguem determinar
O ritmo do meu coração e me fazem voar?


quinta-feira, 5 de abril de 2012

Rumo ao paraíso

Acho que dentro de cada um tem uma definição de paraíso, pode ser uma praia, uma região de serras ou a terra natal. Pra mim o paraíso tem ar seco, chão vermelho no meio do cerrado, fica entre os paralelos 15° e 20°. Há quem o desmistifique, mas eu prefiro ficar com o sonho de Dom Bosco e aplaudir a loucura de JK.
Brasília, cidade amada, que me acolheu quando eu ainda era tão jovem e imatura, que me colocou de joelhos, mas que me levantou,  que me deu parte do que tenho e me fez, em parte, o que sou!

domingo, 25 de março de 2012

Nada menos que o mundo novo


Estudar geoprocessamento tem sido um dos maiores desafios da minha carreira profissional como cirurgiã dentista, envolve alguns conhecimentos que jamais imaginei obter, mesmo estando na gestão atualmente. Há bem pouco tempo a cartografia, a geodésia, a topografia e a fotogrametria, não faziam parte do meu vocabulário, mas a vida é cheia de desafios e esse é mais um deles.
Depois do lançamento do Decreto Nº 7.508 de 28 de junho de 2011, onde uma das necessidades ou exigências é a construção do mapa da saúde, comecei a pesquisar cidades que já tinham feito algo nesse sentido e vi o quanto alguns municípios brasileiros estão integrando outras tecnologias como, por exemplo, o geoprocessamento e o seu sistema de informação geográfica - SIG. Penso que não poderia ser diferente, pois o número de informações é cada vez mais volumoso e outras tecnologias se fazem necessárias na tomada de decisões, principalmente intersetoriais, para a melhoria dos serviços de saúde. Não temos como fugir dessa realidade, ainda mais em tempos de Google Earth e Google Maps que são ferramentas manipuladas até por crianças de pouca idade.
Mas se pararmos para pensar, a própria Estratégia Saúde da Família, desde a sua concepção, trabalha com a lógica da definição e reconhecimento de espaços geográficos através da territorialização. Também me dei conta que trabalho diariamente com o SIG quando analiso os mapas da implantação das equipes de saúde da família no território brasileiro ou avalio a fluoretação das águas de abastecimento público no país. Confesso, no início eu acreditava que SIG era sinônimo de geoprocessamento, na verdade o SIG é uma das ferramentas utilizadas no geoprocessamento para armazenar um número gigantesco de informações, organizando, manipulando e analisando situações e a ocorrência de eventos através de mapas. É claro que a qualidade das informações indexadas aos mapas deve ser uma preocupação constante, para não corrermos o risco de tomar decisões equivocadas no planejamento e execução de políticas de saúde.
A utilização racional do SIG na vigilância em saúde se resume, de forma simplória, em uma pessoa certa (qualificada), com um banco de dados “nas mãos” (informação de qualidade) e um ambiente computacional, resultando em uma ferramenta poderosa e, arrisco dizer, imprescindível no planejamento loco-regional das ações e na vigilância em saúde.
Veremos que caminhos o geoprocessamento me fará percorrer e até onde poderei chegar, sou movida pela curiosidade e pela paixão por novas descobertas. Certa vez um amigo citou um poema de Álvaro de Campos – Ultimatum, nunca esqueci! “Eu, da raça dos descobridores, desprezo o que seja menos que descobrir o mundo novo”, mesmo que esse mundo seja novo só pra mim.